A moeda digital Bitcoin foi criada pelo enigmático Satoshi Nakamoto, em 30 de outubro de 2008. Para ele, trata-se de uma versão de dinheiro eletrônico que permite pagamento online diretamente de uma parte para a outro sem a intervenção de uma instituição financeira. A criação da mesma decorre de uma preocupação com a privacidade e o caráter libertário.
No entanto, a primeira compra de produtos físicos com a utilização de Bitcoin demorou um pouco; só ocorreu em 18 de maio de 2010. Na oportunidade houve a compra de duas pizzas por 10.000 bitcoins, o que equivale, em 28 de abril de 2020, a R$ 431.821.800,00 (quatrocentos e trinta e um milhões e oitocentos e vinte e um mil e oitocentos reais).
Depois de mais de onze anos desde sua criação, os Bitcoins são aceitos em mais de 13.000 estabelecimentos no mundo, como nos restaurantes KFC no Canadá, bem como na Microsoft.
A tecnologia que possibilita as transferências e transações de Bitcoins não é fornecida pelas Instituições Financeiras, considerando que o objetivo é justamente a eliminação da necessidade de uma instituição que funcione como um terceiro garantidor (como bancos, cartório, governo, etc.).
A estrutura utilizada pelas partes que transacionam depende de um sistema de confiança, que foi denominada Blockchain. A estrutura de Blockchain é a que faz o registro de informações (transações bitcoin, por exemplo), em que diversas informações são reunidas em blocos e os mesmos são encadeados, com um conjunto de regras sobre como adicionar novos blocos.
A analogia que pode ser utilizada para fins de compreensão da estrutura Blockchain é a mesma da que utilizava-se no “Livro-Razão” Contábil, em que os Lançamentos são os dados da conta debitada, da conta creditada e o valor correspondente em que cada página conteria um código de verificação, utilizado no início da página subsequente. Assim, cada página do livro seria um bloco de transações em que as páginas (blocos) são ligadas (encadeadas) pelos códigos de verificação.
Na analogia Blockchain, cada dispositivo é denominado como um “nó” da rede e pode contar com uma cópia completa da cadeia de blocos. O código de verificação, por sua vez é uma função do tipo “Hash”.
Assim, os blocos são encadeados pelo código Hash e se alguma informação em um bloco é alterada, todos os blocos seguintes são automaticamente invalidados. O nó (computador) com a cadeia com menos blocos validados deve descartar sua cadeia e recuperar a cadeia com mais blocos para poder continuar a operar na rede.
Na prática, a moeda Bitcoin não existe fisicamente. Uma conta (endereço) tem o saldo total das operações relacionadas a ela na Blockchain bitcoin e quem tem acesso à “senha” da conta possui os Bitcoins relacionados a ela.
A conta (endereço) é uma espécie de carteira gerada através de programa ou aplicativo. O “endereço” da conta para recebimento de Bitcoins / carteira é feito pela própria parte que transfere/recebe.
A obtenção de Bitcoins é possível através do recebimento como pagamento por um serviço ou produto, comprando via uma Exchange (corretora) ou por um terceiro e por meio de Mineração (mining).
A mineração é a verificação se todas as transações inseridas no bloco são válidas (tem saldo existente que permita a transação e são assinadas digitalmente) e encontrar um hash que seja menor que um determinado valor. A recompensa do minerador pela criação do novo bloco é o recebimento de Bitcoins.
A estrutura Blockchain que não é utilizada apenas para Bitcoins, nada mais é do que um banco de dados, replicado e sincronizado podendo ser pública (como a do Bitcoin e de criptomoedas), privada (pertencente a uma organização ou comércio) ou semi-privada.
Uma Blockchain pública, com muitos nós (computadores), é inerentemente mais segura.
As aplicações das Blockchains podem ser usadas para Criptomoedas, registro de propriedade intelectual, de imóveis, prova de identidade, guarda de exames médicos, registro de transações em cadeia de suprimentos, registro de uso (quilometragem em veículos, por exemplo), votação on-line, prestação de contas, etc..
A utilização da estrutura Blockchain permite a integridade do conteúdo registrado, transparência, conteúdo acessível a todos os participantes e estrutura descentralizada.